sábado, 20 de março de 2010

Aproveitar a juventude

 

A bd Calvin e Hobbes é uma das minhas favoritas. Lembro-me frequentemente das pranchas em que Calvin se levanta da cama a contragosto, vai para a escola a chover, atura a professora e a matéria, blá, blá, blá, é assaltado pelos mafiosos do costume, cai, magoa-se, as suas malfeitorias não acertam o alvo, as boas intenções muito menos, e ao regressar a casa é obrigado a fazer os trabalhos de casa e a comer uma "porcaria qualquer verde;" não o deixam ver televisão e mandam-no para a cama com a certeza de que no dia seguinte começará a mesma desgraça de novo, outra, outra vez.

Há várias pranchas deste género. Há uma em que depois do martírio diário, quando Calvin abre a porta de casa, Hobbes atira-se a ele, dando-lhe um grande abraço peludo, funcionando essa amizade única como um lenitivo para a vida dura daquele dia e de todos. A mãe pergunta-lhe, como correu o dia, e o miúdo responde-lhe que está a melhorar.
Sinto-me muitas vezes assim quando chego a casa e as minhas cadelas me recebem exuberantemente. A vida pode ser difícil, mas a recepção das minhas cadelas melhora-a. 

Identifico-me muito com o Calvin. Também não tenho mau coração, mas podia ser ainda melhor, detesto que me mandem fazer o que não gosto, tenho um verdadeiro horror à obediência cega por regras que não compreenda, etc., etc. 

Esta é a prancha de BD relativa à sondagem lá de cima. Com qual dos meus alunos  se parece Calvin?



E mais, tal como o Calvin, não compreendo os adultos. Quando era pequena achava que nunca seria capaz de ser adulta, como os meus pais, de ser como os outros eram, que não seria capaz de fazer o que os outros fazem, que a vida era uma prisão da acção e da imaginação. Depois de me tornar adulta descobri que estava cheia de razão: nunca conseguirei ser adulta como os meus pais foram; não sou capaz de fazer, sem custos graves para a minha saúde, o que os outros fazem sem pensar, e a vida é, a maior parte do tempo, uma prisão da acção e da imaginação. Portanto, meus amigos, há que viver a adolescência e a juventude e aproveitar o que tem de bom.



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