terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Uma mulher morta

 A Tatiana do 9º 4 edtá a escrever um romance muito interessante. De certeza que gostarão de ler este excerto. 
A Tatiana continuará a publicar neste blogue, regularmente, a continuação desta história.

1º Capitulo - Homicídio

- Está uma mulher morta em frente à nossa escola.
- Oh, cala-te Hannah, não se brinca com essas coisas - retorqui eu num tom de voz desagradável.
- Então sobe a rua, está lá uma multidão - disse ela indignada por eu não ter acreditado.
Estava frio, eram nove horas da manhã e não tinha paciência para brincadeiras. Hannah sempre fora uma pessoa divertida, mas desta vez não estava a achar piada  Subi a rua com um ar indignado, achei mal ela brincar com aquilo. O facto de pensar no sofrimento de alguém da-me náuseas.
A rua era bastante inclinada e estava cansada. Por fim chegara ao topo, vi a Becky e fui ter com ela. Estava com cara de poucos amigos. Eu sabia que ela era uma pessoa séria, das mais sérias que conhecia, mas desta vez era diferente, parecia que algo de muito mau se passava:
- Olá becky - disse eu, intrigada.
- Olá - frisou, ao puxar os seus longos caracóis pretos para trás - já sabes o que aconteceu ?
Naquele momento a primeira coisa que me veio a cabeça fora a conversa que há minutos tinha tido com a Hannah.
- Não, o que aconteceu ?- perguntei apavorada, com medo que a resposta fosse aquela de que eu ja estava à espera.
- Mataram uma mulher - consegui ver o sofrimento nos seus olhos ao acabar de falar - acho que foi o ex-namorado . Os filhos viram tudo.
- O quê ? Como é que isso aconteceu ? - estava tão chocada que nem sabia o que havia de dizer.
- Olha... vê - murmurou ela com tristeza na voz, apontando para os prédios em frente à escola.
Eu olhei a medo , e acho que era melhor não ter olhado .
Era um corpo, um corpo tapado por um vasto pano branco, e cerca de 10 polícias à sua volta . Todo o frio passara, nunca tinha visto nada assim, estava tão chocada!
- Os filhos são cá da escola? - baixei a cabeça com medo que algo denunciasse o meu estado de choque.
- Sim - Becky não conseguia deixar de olhar para o corpo no chão - eram três filhos, o Kevin de dezassete anos, o Maison de doze e o Alexander de treze.
- Senti dor na sua voz. Não aguentava mais estar ali, o cheiro, as pessoas, tudo me fazia confusão. Ainda faltavam cerca de 30 minutos para a minha aula começar, mas ali eu não conseguia ficar. Subi a rua e entrei na escola .
Estava a achar aquilo tão absurdo, tão fora do comum. Como é que estariam os filhos? Onde é que estaria o assassino ? Eram tantas as perguntas na minha cabeça.
Tocou para a entrada.
As aulas da parte da manhã tinham acabado. Decidi ir almoçar sozinha. Apetecia-me pensar. Tinha ficado mesmo chocada com aquilo que tinha acontecido essa manha . Pousei a minha mala e os meus livros numa mesa do refeitório, fui buscar a comida e voltei à mesa para comer. O almoço eram lulas recheadas, uma das poucas comidas de que não gostava; mais uma coisa para piorar o meu dia. Para minha sorte não tinha muito apetite.
Com o garfo peguei num bocado de lulas - eu não gostava mas sabia que tinha de comer - quando vi Hannah aproximar-se. Vinha sorridente, parecia que o refeitório se tinha iluminado quando ela chegou. Estava tao bonita! Os seus cabelos loiros contrastavam com a sua pele branca como a neve.
- Então, era mentira ou verdade ? - perguntou ela, sarcasticamente .
Nao falei , achei que nao era necessário responder. Ela não gostou do desprezo:
- Achas normal não acreditares na tua melhor amiga ? - disse ela, esboçando um sorriso indecente.
- Desculpa , era uma coisa tão absurda e pensei que fosse mentira - disse eu delicadamente.
Ela sabia o quando aquilo me tinha chocado. Ficámos uns minutos sem falar e aproveitei para levar mais uma garfada à boca.
-Olha quem está ali, Claire - disse Hannah, sussurrando.
-São os irmãos, o Maison e o Alexander, sim - retorqui, tentando não olhar para a mesa onde estavam.
- Sim, agora vê quem está ao lado - Hannah parecia perturbada ao acabar de falar.
- Lucy, a irmã do Taylor, o que tem ? - não estava a preceber o que tinha de errado.
- O quê ? Não sabes ? - falou Hannah surpreendida.
Acenei com a cabeça de modo a que percebesse que não fazia ideia do que estava a dizer.
- A Lucy e o Taylor são ... - esperou um momento para tornar as coisas mais fáceis - são filhos do homem que matou a mãe do Kevin do Maison e do Alexander.
Aquela história não se passava comigo, mas algo me fazia pensar o contrário, algo que não conseguia controlar. Nos meus 17 anos de vida nunca tinha visto nada assim, nunca tinha sentido nada igual.
Dei o tabuleiro à funcionária e saí do refeitorio num passo acelerado, sem avisar Hannah. Não queria que ela reparasse no quanto aquilo estava a mexer comigo .
Dirijia-me agora para as escadas do primeiro pavilhão. Pousei as coisas, sentei-me e pensei que se estava a ser dificil para mim , muito mais estava a ser para eles. No refeitório estavam a chorar; estavam tão diferentes, são tão pequeninos, parecem ser tão frágeis, são tão iguais, as lágrimas caíam-lhes pela pele morena que o cabelo comprido tapava. Os seus olhos verdes e grandes estavam vermelhos, e as olheiras faziam-se ver. O mais velho não estava lá, devia ter preferido ficar em casa ao contrário deles.
Deu o toque para a entrada das aulas. Quando entrei na sala Hannah parecia estar zangada. Não me apetecia discutir por isso não falei. 

Finalmente as aulas tinham acabado. Fui a correr para casa. O meu pai devia estar a minha espera. Quando cheguei estava um bilhete em cima do sofá da sala :
- Claire , o jantar está no microondas; tive de sair, houve uma emergencia lá no hospital, desculpa. Beijos, pai .

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Antologia de poemas para apresentação oral - 9º ano


- Este trabalho deve ser feito em pares.
- Os dois colegas seleccionam em conjunto 6 poemas do mesmo autor ou de autores diversos e fazem com eles um pequeno livrinho com introdução e conclusão.
- O de devem fazer a propósito de cada poema?
                  Escrever um pequeno texto no qual identificam o tema do poema e o assunto, expondo também por que gostam dele.
- Desses seis poemas escolhem um que vão ler e explicar à turma, oralmente.
- Numa turma com 20 alunos teremos 10 apresentações. 
- As apresentações terão lugar após a realização do segundo teste, em dia a marcar.

Tomás

O cãozinho da Tatiana do 9º 4.

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Alunos "altamente"

Ruben, no seu lugar de "castigo", tentando convencer a professora a não marcar trabalhos de casa.

Resposta à questão de exposição do teste intermédio de 9º

 Eis a questão do teste intermédio que implicava uma exposição, e uma hipótese possível de resposta.

Enunciado:

Lê o seguinte poema de Ruy Belo e responde, de forma completa e bem estruturada, ao item 4.

TEXTO B

E TUDO ERA POSSÍVEL

Na minha juventude antes de ter saído
da casa de meus pais disposto a viajar
eu conhecia já o rebentar do mar
das páginas dos livros que já tinha lido
Chegava o mês de maio era tudo florido
o rolo das manhãs punha-se a circular
e era só ouvir o sonhador falar
da vida como se ela houvesse acontecido
E tudo se passava numa outra vida
e havia para as coisas sempre uma saída
Quando foi isso? Eu próprio não o sei dizer
Só sei que tinha o poder duma criança
entre as coisas e mim havia vizinhança
e tudo era possível era só querer

Ruy Belo, Obra Poética de Ruy Belo, vol. 1,
organização de Joaquim Manuel Magalhães, Lisboa, Editorial Presença, 1981

4. Redige um texto, com um mínimo de 70 e um máximo de 100 palavras, em que exponhas uma leitura do poema.
O teu texto deve incluir:
● uma parte inicial, em que indiques o título do poema e o nome do seu autor e na qual identifiques o
momento da vida que é recordado no poema;
● uma parte de desenvolvimento, em que refiras a importância que o «eu» atribui ao momento que
identificaste, justificando a tua interpretação com um elemento do texto e explicando a expressão «o
poder duma criança» (verso 12);
● uma parte final, em que identifiques um dos sentimentos dominantes no poema, relacionando esse
sentimento com o título.

Observações relativas ao item 4:

1. Para efeitos de contagem, considera-se uma palavra qualquer sequência delimitada por espaços em branco, mesmo quando esta
integre elementos ligados por hífen (ex.: /di-lo-ei/). Qualquer número conta como uma única palavra, independentemente dos
algarismos que o constituam (ex.: /2010/).
2. Relativamente ao desvio dos limites de extensão indicados – um mínimo de 70 e um máximo de 100 palavras –, há que atender ao
seguinte:
– a um texto com extensão inferior a 23 palavras é atribuída a classificação de 0 (zero) pontos;
– nos outros casos, um desvio dos limites de extensão requeridos implica uma desvalorização parcial (um ponto) do texto produzido.

Resposta possível, com 100 palavras:


O texto apresentado intitula-se “E tudo era possível” e o seu autor é Ruy Belo.
Este texto refere a juventude do eu poético, nomeadamente a época que antecede a saída de casa dos pais.
O referido momento revela-se importante porque  “havia para as coisas sempre uma saída” (verso 10), ou seja, havia sempre solução para os problemas.
Um dos sentimentos dominantes do poema é a saudade do passado no qual foi feliz.
A saudade relaciona-se com o título do poema porque, ao tornarmo-nos adultos, tudo se complica, surgindo, assim, esse sentimento de saudade  pelo tempo em que “tudo era possível”.