quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Uma leitura possível de "Retrato" de Natália Correia


Uma leitura possível de Retrato de Natália Correia:
Espáduas brancas palpitantes: / asas no exílio de um corpo.
Os seus ombros, situados na parte mais distante do corpo, palpitam.
Ou seja, está cheia de vida.

Os braços calhas cintilantes / para o comboio da alma
Nos seus braços está a alma.
Ou seja, tem a alma intacta e aberta para os outros - afecto.

E os olhos emigrantes / no navio da pálpebra / encalhado em renúncia ou cobardia
Os seus olhos, protegidos pelas pálpebras, revelam renúncia ou cobardia.
Ou seja, por vezes renuncia às coisas, por vezes é cobarde.

Por vezes fêmea. Por vezes monja / Conforme a noite. Conforme o dia.
Há noites em que é mulher. Há dias em que é freira.
Ou seja, umas vezes é uma mulher sensual, outras apenas uma pessoa.

Molusco. Esponja / embebida num filtro de magia.
Tem as características dum molusco.  Deixa-se embeber de coisas mágicas, maravilhosas
Ou seja, é fechada, teimosa, protege-se, mas aberta às maravilhas do mundo.

Aranha de ouro / presa na teia dos seus ardis.
Constrói uma teia, como as aranhas, mas fica presa nela.
Ou seja, constrói a sua vida com boas intenções, mas por vezes engana-se.
 

E aos pés um coração de louça / quebrado em jogos infantis.
O seu coração é de louça, e por vezes quebra-se em jogos inocentes.
Ou seja, é frágil e por vezes desilude-se com a vida e o amor.

Concluindo:
Está cheia de vida.
Tem a alma intacta.
Por vezes renuncia às coisas, por vezes é cobarde.
Umas vezes é uma mulher sensual, outras apenas uma pessoa.
É fechada, teimosa, mas aberta às maravilhas do mundo.
Constrói a sua vida com boas intenções, mas por vezes engana-se.
É frágil, e por vezes desilude-se com a vida e o amor.

Sem comentários: